Por que a cetamina é diferente das medicações orais conhecidas?
A cetamina é uma substância anestésica que tem sido cada vez mais estudada e explorada por suas propriedades terapêuticas.
Está inserida na rotina médica entender a origem da doença, da medicação a ser indicada, e, na maioria das vezes, medicações convencionais são a primeira alternativa, mas quando a cetamina passou a ser uma opção de tratamento para pessoas com depressão?
Desde os anos 2000, há estudos com indicação de que infusões endovenosas de cetamina são eficazes para tratar a depressão grave ou refratária, que é quando a doença não responde aos tratamentos com os remédios antidepressivos convencionais e, principalmente, depressão resistente, que é quando já houve a tentativa de dois medicamentos orais por tempo adequado e com a dose correta.
A principal diferença entre os dois cenários é a forma que a cetamina atua no cérebro. Diferente das medicações que atuam nos grupos das monoaminas: Serotonina, Noradrenalina e a Dopamina, a cetamina atua como um bloqueador do receptor NMDA, que faz parte da sinapse entre neurônios. Ao reduzir essa comunicação em áreas específicas do cérebro, ela desencadeia uma série de alterações nos neurônios. Essas mudanças resultam no alívio dos sintomas de depressão e no aumento da quantidade de sinapses entre os neurônios.
Além disso, a cetamina também pode estimular a produção do fator neurotrófico derivado do cérebro, uma proteína que melhora a neuroplasticidade, mudando os padrões de pensamento negativos.
Em comparação com as medicações orais, a cetamina tem a vantagem de oferecer alívio rápido dos sintomas da depressão.
Estudos mostraram que a cetamina pode ter um efeito rápido e duradouro na depressão, muitas vezes proporcionando alívio dos sintomas dentro de horas ou dias, em vez de semanas ou meses como os antidepressivos tradicionais. A eficácia das infusões endovenosas de cetamina são possíveis, pois com a leve sedação causada por ela, diminui a atividade das áreas hiper ativas do cérebro, estimulando outras áreas cerebrais e com isso, aumentando a rede neural, que passa a funcionar de maneira mais saudável.
Reforçamos que a indicação e aplicação das infusões endovenosas de cetamina devem ser feitas por um médico anestesista e dentro de ambiente hospitalar.
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Referências:
Kennedy, S. H. et al. Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) 2016 clinical guidelines for the management of adults with major depressive disorder: Section 3. Pharmacological Treatments. Canadian Journal of Psychiatry 61, 540–560 (2016).
Tully, Jamie L et al. “Ketamine treatment for refractory anxiety: A systematic review.” British journal of clinical pharmacology vol. 88,10 (2022): 4412-4426. doi:10.1111/bcp.15374