A cetamina tem se destacado como uma opção eficaz para o tratamento da depressão resistente, oferecendo alívio rápido dos sintomas depressivos. No entanto, uma preocupação comum entre pacientes e profissionais de saúde é o risco de dependência associado ao uso de tratamentos farmacológicos. Neste artigo, vamos comparar os riscos de dependência da cetamina com aqueles dos benzodiazepínicos e opióides, duas classes de medicamentos amplamente utilizadas, mas conhecidas pelo seu potencial de dependência.
O que são benzodiazepínicos e opióides?
Benzodiazepínicos são medicamentos frequentemente prescritos para tratar ansiedade, insônia e outros transtornos. Exemplos incluem diazepam (Valium), alprazolam (Frontal) e lorazepam (Ativan). Embora eficazes, esses medicamentos têm um alto potencial de dependência e tolerância, o que pode levar ao uso prolongado e à dificuldade em interromper o tratamento sem sintomas de abstinência.
Os opióides são utilizados principalmente para o alívio da dor. Incluem medicamentos como morfina, oxicodona, tramadol e codeína. São altamente eficazes no manejo da dor aguda, mas também são altamente aditivos, com um risco significativo de abuso e dependência. O uso prolongado pode levar a uma tolerância crescente e a necessidade de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito.
Cetamina e o risco de dependência
Cetamina, por outro lado, é um anestésico dissociativo que tem sido utilizado off-label para o tratamento da depressão resistente. Administrada em um ambiente hospitalar e ministrada por um médico anestesista, por via intravenosa, a cetamina tem um perfil de risco diferente dos benzodiazepínicos e opióides.
Perfil de dependência da cetamina
Estudos indicam que, quando administrada em doses terapêuticas e supervisionada por médico anestesista, a cetamina não leva ao desenvolvimento de dependência física ou psicológica.
Comparação com benzodiazepínicos e opióides:
▪️ Controle e monitoramento:
Cetamina: Administrada em um ambiente clínico controlado, com monitoramento contínuo, minimizando o risco de uso indevido.
Benzodiazepínicos e opióides: Muitas vezes prescritos para uso em casa, com maior risco de abuso e falta de monitoramento rigoroso.
▪️ Risco de Tolerância:
Cetamina: Não há relatos de casos de quem tenha iniciado o uso terapêutico com cetamina e tornou-se adicto.
Benzodiazepínicos e opióides: Alto risco de desenvolvimento de tolerância, necessitando de doses crescentes para obter os mesmos efeitos.
▪️ Sintomas de Abstinência:
Cetamina: Uso controlado em ambiente clínico não causa sintomas de abstinência.
Benzodiazepínicos e opióides: Interrupção pode causar sintomas de abstinência severos, incluindo ansiedade, insônia, dor e até crises convulsivas.
Embora todos os medicamentos tenham riscos associados, o uso de cetamina em um ambiente clínico controlado para o tratamento da depressão resistente apresenta um risco de dependência significativamente menor em comparação com benzodiazepínicos e opióides. A cetamina oferece uma alternativa promissora para pacientes que necessitam de alívio rápido e eficaz dos sintomas depressivos, sem os riscos de dependência associados a outros medicamentos.
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Referências:
Sanacora G, Frye MA, McDonald W, et al. A Consensus Statement on the Use of Ketamine in the Treatment of Mood Disorders. JAMA Psychiatry. 2017;74(4):399–405. doi:10.1001/jamapsychiatry.2017.0080
Morgan, C. J. A., Curran, H. V., & Independent Scientific Committee on Drugs (ISCD). (2012). Ketamine use: A review. Addiction, 107(1), 27–38. https://doi.org/10.1111/j.1360-0443.2011.03576.x
Sanacora, G., & Schatzberg, A. F. (2015). Ketamine: Promising Path or False Prophecy in the Development of Novel Therapeutics for Mood Disorders? Neuropsychopharmacology, 40, 259-267.